No ritmo em que a indústria de eletrônicos avança, com lançamentos cada vez mais frequentes, é natural que as trocas de aparelhos acabem deixando para trás um rastro de equipamentos ultrapassados, mas que ainda podem ser úteis para muita gente.
A Universidade de São Paulo montou um centro de reciclagem para diminuir esse problema e também evitar a ameaça que o lixo eletrônico representa para o meio-ambiente.
Os computadores já foram vanguarda, já foram o futuro. Hoje, são vítimas do avanço da tecnologia.
“A cada dia surgem novos produtos, mais atraentes, novos celulares, novos micros, e mesmo esses equipamentos não chegando ao final do seu ciclo de vida são substituídos por novos equipamentos”, explica Mauro Bernardes, da Divisão de Informática da USP.
O lixo eletrônico não tem cheiro, não suja as mãos e tem uma aparência bem melhor do que o lixo convencional. Mas ele está repleto de substâncias como chumbo, mercúrio e cádmio que, se não tiverem um destino adequado, podem contaminar a natureza e prejudicar a saúde humana.
O galpão que acaba de ser inaugurado na Universidade de São Paulo é uma tentativa de transformar toneladas de equipamentos velhos em algo útil de novo.
Primeiro, eles passam por uma seleção. O que pode voltar a funcionar é consertado e vai para escolas carentes. O que não funciona é desmontado e separado. Plástico, ferro e vidro são vendidos para indústrias de reprocessamento.
Antes de ir para as empresas de reciclagem, parte do material é prensada, para reduzir o volume e o custo do transporte, que é muito alto. Por exemplo, nove gabinetes de computador depois de prensados ocupam o espaço de apenas um.
As únicas peças que vão para o exterior são as placas eletrônicas, que têm pequenas quantidades de ouro. O Brasil ainda não tem fábricas para reciclar esse material, uma realidade que a USP quer mudar.
“É onde tem maior fonte de renda. O dinheiro da placa ficaria no Brasil e nós criaríamos uma nova indústria, novos empregos. Tem ganho financeiro, social e ambiental”, argumenta Tereza Cristina Carvalho, do Centro de Computação Eletrônica da USP.
O analista de sistemas Fernando Redigolo não pensou duas vezes. Encheu uma caixa de tralhas eletrônicas e doou para a reciclagem. “Tinha coisa que tinha dez anos pelo menos”, contou.
Alem do meio ambiente, quem gostou da iniciativa foi a mulher dele. “Ela agradece o espaço que tem em casa agora e antes estava ocupado por velharias. Só não posso acumular mais coisas senão eu arrumo briga de novo em casa”, disse.
O centro tem capacidade para processar dez toneladas de lixo eletrônico por mês, mas, por enquanto, só está recebendo material doado por alunos e funcionários da universidade.
Se você tem algum computador aposentado em casa, nós temos sugestões de instituições sérias que podem dar um destino muito útil pra ele.
Comitê para Democratização da Informática
Doe o seu computador usado para o Comitê para Democratização da Informática e ajude a atualizar o futuro de alguém.
Projeto Computadores para Inclusão
Conheça a rede nacional de reaproveitamento de equipamentos usados, recondicionados por jovens em formação profissionalizante.
Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática – CEDIR
O Cedir, da USP, começará a receber o lixo eletrônico da comunidade em 2010. Por enquanto, ele vai priorizar o tratamento do lixo eletrônico da USP.
FONTE: Jornal Nacional (25/12/2009)